Por que insistimos em utilizar basicamente uma abordagem biológica para a Doença de Alzheimer, quando outros fatores – socioculturais, comportamentais e do meio ambiente – têm enorme impacto na vida dos seres humanos? Essa foi a reflexão que a médica Amy Kind, professora do departamento de geriatria e gerontologia da Universidade de Wisconsin, propôs ao encerrar a primeira sessão plenária da AAIC 2021 (Alzheimer´s Association International Conference), que já foi objeto da coluna de quinta-feira. Em sua apresentação, enfatizou o peso que determinantes sociais têm na existência das pessoas e, como não poderia deixar de ser, na saúde do cérebro.
A doutora Kind trabalha em duas frentes que se complementam: além de dirigir um centro de pesquisa sobre a Doença de Alzheimer, é fundadora de outro que estuda a desigualdade na saúde. “Temos que medir o acúmulo de influências do ambiente no qual estamos inseridos e as respostas biológicas associadas a ele, porque se refletem na saúde. Boa parte das condições nas quais as pessoas nascem, vivem, trabalham, se relacionam e envelhecem é modificável e deveria ser prioridade das políticas públicas”, afirmou.