Cientistas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, identificaram evidências de que o mal pode começar no cérebro ou nos intestinos e no coração. Equipe espera contribuir para criação de tratamentos personalizados para a doença.
Cientistas da Universidade de Aarhus, na Dinamarca, publicaram um artigo na quinta-feira (24) no periódico Brain em que defendem que o mal de Parkinson não é uma, mas sim duas doenças. Para eles, isso explica por que os sintomas variam tanto de pessoa para pessoa e destaca a importância da medicina personalizada.
No estudo, os pesquisadores usaram técnicas avançadas de PET scan e ressonância magnética para examinar pacientes com a condição e pessoas que apresentam alto risco de desenvolvê-la. Segundo os cientistas, a análise indicou que, em alguns casos, o Parkinson atingiu o cérebro antes dos intestinos e do coração, enquanto em outros pacientes ocorreu o processo inverso.
“Até agora, muitas pessoas consideravam a doença relativamente homogênea e a definiam com base nos distúrbios clássicos do movimento. Mas, ao mesmo tempo, ficamos intrigados sobre o porquê de existir uma diferença tão grande entre os sintomas dos pacientes”, disse Per Borghammer, um dos pesquisadores, em comunicado. “Com esse novo conhecimento, os diferentes sintomas fazem mais sentido e é também nessa perspectiva que as pesquisas futuras devem ser vistas.”
Os cientistas se referem aos dois tipos da doença como “corpo primeiro” e “cérebro primeiro”. No caso do corpo, pode ser particularmente interessante estudar a composição das bactérias nos intestinos, pois já foi demonstrado que pacientes com Parkinson têm microbiota diferente em comparação com pessoas que não têm.
“Agora que somos capazes de identificar os dois tipos de doença de Parkinson, podemos examinar os fatores de risco e fatores genéticos que podem ser diferentes para os dois tipos”, observou Borghammer. “A próxima etapa é examinar se, por exemplo, a doença de Parkinson pode ser tratada cuidando dos intestinos com transplante de fezes ou de outras maneiras que afetem o microbioma.”
Já nos casos em que o cérebro é afetado primeiro, os cientistas esperam encontrar um desafio maior, pois essa variante da doença é relativamente livre de sintomas até que os indícios motores apareçam. De acordo com os pesquisadores, a essa altura, o paciente já perdeu mais da metade do sistema de dopamina, o que dificulta diagnosticar o mal com antecedência suficiente para retardar sua evolução.
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